sexta-feira, 8 de novembro de 2019

93-UMA SUPERSTIÇÃO CHAMADA PECADO

A existência é o vazio, a vida em si o é. E como não suportamos essa verdade que nos nega enquanto seres, buscamos outros vazios para suprir o nada que é esse vazio; e para fingir que esses nadas são algo importante os rotulamos um por um, como se o simples rótulo, que também é nada, fizesse de cada vazio o próprio sentido da existência.

Um exemplo bem claro é a negação da nudez. Por que hoje é proibido andar nu nas ruas? Como mostrou muito bem na crônica “O homem nu”, Fernando Sabino, não importa quem você seja; no momento em que andar nu na rua você é um infrator da lei.

Mas, o que é a nudez? Você já se perguntou? Imagine-se num tempo em que toda a humanidade era igual e alguém forjou algum símbolo que o fez admirado por uns e temido por outros; o que lhe permitiu exercer poder sobre alguns seguidores que, por sua vez, também queriam prestígio e forjaram outros símbolos para si que também pusessem medo nos outros ou que os fizessem admirados, logo, estes também teriam alguns seguidores e assim por diante até que se fecharam em um grupo separado com uma hierarquia de privilégios que cresciam, e, com o tempo, precisariam de pessoas para os servirem, talvez, assim tenha nascido a primeira tribo.

Esses símbolos poderiam ser caveiras entalhadas, desenhos que mais tarde foram tidos como deuses, moedas de troca que mais tarde deram origem ao dinheiro, estórias inventadas sobre acontecimentos incríveis que mais tarde se tornaram estórias de deuses e heróis, ou mesmo cicatrizes de luta com algum bicho mais forte em que o bravo teria sobrevivido e estava ali contando o que ele dizia ter acontecido e cada vez que contasse a mesma estória alguns detalhes eram suprimidos ou elaborados e outros espelhados neste bravo contador de estórias criaram estórias mais comoventes e absurdas e, com isso, esses iam ganhando prestígio e ganhando mais servos.

Algo teria que diferenciar o líder supremo dos demais ou qualquer um assumiria o poder a qualquer ora, ou esse poder seria facilmente esquecido e os privilégios se desfariam. Algum adorno junto ao corpo se faria necessário, principalmente algo brilhante para induzir a crer nos poderes supremos de seu líder, para sua fácil identificação pela tribo e para se percebido de uma distância maior. Na falta de algo reluzente poderia ser algo colorido ou de uma cor bem chamativa como o vermelho.

Para identificar os familiares do líder, vestimentas tiveram também que ser forjadas. E para identificar os demais integrantes da tribo, outro tipo de vestimenta teve que ser elaborada em maior escala.

Todos aqueles que vestissem outra coisa ou que não vestissem nada seriam inimigos, assim como também os identificava um idioma, o modo de cortar o cabelo, tatuagens, arranhões feitos no braço do guerreiro, coisas brilhantes, como metais, cocares, palha, e alguns povos desenvolveram tecidos de lã.

Quem não seguisse o padrão ou viraria escravo ou seria morto como oferenda aos deuses ou para canibalismo, ou teria que casar com alguém da tribo e a partir deste casamento começar a seguir a cultura. No caso dos povos celtas os escravos depois de uns anos poderiam escolher entre ir embora ou se incorporar à tribo na parte mais baixa da hierarquia.

A verdade é que milhões de culturas ou mais foram criadas para suprir esse vazio sem fim, e, para isso, criaram seres espectrais de um possível bem e mal que aterroriza a humanidade na contemporaneidade e pode ainda aterrorizar enquanto o homem existir. Suprir um nada com outro nada não criou um sentido para a vida. Negar esse nada é a única forma de se permitir ser verdadeiro até a inevitável decadência biológica.

Esse nada é, foi e será pretexto para guerras de destruição em massa, no vão esforço de forjar mais nada. Mas a verdade é que matéria alguma pode ser desfeita, para desespero dessa desumana humanidade incrivelmente vil e absurdamente imbecil.

Não importa se o seu deus odeia ou ama os demais seres supernaturais, pois, nem ele nem os demais jamais existiram. O mais próximo de um deus para você é o Chipanzé, pois vocês têm um ancestral em comum.

Não há o que por no lugar desses mitos, pois são vazios que não podem ser preenchidos por que são somente ilusões, e não se pode preencher uma miragem.

As superstições são de longe uma das formas mais ridículas de preencher o vazio da existência. Vamos à explicação do surgimento de algumas das mais famosas e de uns mitos também:

1. 7 anos de azar ao quebrar espelhos.

Não quebre espelhos em sua casa, pois para cada um terá 7 anos de azar. E se quebrar 100 espelhos você viverá 700 anos? Infelizmente não. Acontece que em eras distantes, onde espelhos não existiam, as pessoas se olhavam nas águas cristalinas dos rios e acreditavam que se as águas estivessem turvas a alma de quem tivesse refletido o rosto em tal desalinho se estraçalhava e passa 7 anos para voltar ao normal, com isso, 7 anos sem alma inteira significava sem receber bênçãos válidas, logo, 7 anos de azar. Na Idade Média a superstição se estendeu a qualquer coisa que refletisse, inclusive espelhos. E como a ultima imagem de um espelho é em geral de quem o quebrou, logo, quebrar espelhos dá 7 anos de azar.

2. Gatos pretos.

A Santa Inquisição queimava vivo quem tivesse um gato preto em casa. Era um sinal claro de bruxaria, logo, gatos pretos dão azar.

3. Vamos começar com o pé direito?

Geralmente as pessoas são destras, logo, se fizessem algo com uma mão sem DESTREZA, exceto se for canhoto ou AMBIDESTRO, terá azar.

4. Escadas.

Geralmente cai algo na cabeça de um descuidado que passe debaixo de uma escada com uma pessoa trabalhando se não prestar atenção, portanto, dá azar.

5. Feche os olhos dos mortos!

Isso surgiu na Grécia Antiga, onde se punham um par de moedas nos olhos de quem morresse para que o morto pagasse o barqueiro do Rio Queronte a fim de atravessar a alma ao Tátaro, caso contrário, o morto voltaria para assombrar a sociedade eternamente.

6. _Atim!/ _Saúde!

Sua alma sai pelo seu nariz e boca quando você espirra. É, não é catarro, é sua alma. E para ela voltar é preciso que se diga “Deus te abençoe”, mas com o avanço da medicina a superstição se modificou para “_Saúde!” e se esqueceu o porquê.

7. Prever o futuro

Muitos povos acreditam que seus deuses têm por escrito (os que possuem escrita) o futuro, passado e presente ou que têm o tempo tecido ou predeterminado de alguma forma. Na Grécia tinha as 3 Parcas (Parco é um nome de um povo persa que derrotou Roma em batalha, mas que foi vencido pelos Saxânidas, estes venceram Roma 3 vezes) que teciam, fiavam e cortavam o fio da vida (as deusas Cloto, Láqueis e Átropos). Na cidade de Delfos (ou Delos) havia a sacerdotisa Pitonisa, no oráculo do deus Apolo, dizendo o futuro em poesia. Os celtas esperavam a Grande Ragnarok, o dia em que deuses e gigantes se enfrentariam todos de uma vez, num confronto final; o cristianismo chamou de Apocalipse (revelação) ou Armagedom. 

8. Pedir bênção e amaldiçoar.

Quem acredita num deus lhe pedia sorte, com o nome de bênção, e desejava mal ao inimigo, o que se chama maldição. Ser abençoado é como receber um pouco do poder e ser amaldiçoado seria como se esse poder fosse tirado de você. A sorte é um poder para os supersticiosos.

9. A simetria.

É comum pensar no corpo como simétrico, então, mais comum ainda a mania de querer manter essa simetria como se para manter o equilíbrio, e disso, nascem mil manias. Mas, um detalhe tem que ser dito: seu corpo jamais foi simétrico. Pode medir.

10. Bata na madeira!

Antes era nas árvores. Na Fenícia Antiga se acreditavam que os deuses dormiam dentro das árvores e se dissesse algo ruim os enfureceria, de modo que eles acordariam de mau humor e o matariam. Logo, era bom bater nas árvores pelo menos 3 vezes para ver se havia deuses dentro delas, antes ou depois de falar alguma coisa ruim ou um palavrão. Com o crescimento das cidades fica mais difícil ver árvores, logo transferiu-se para objetos de madeira. Mas, quando faltar madeira, faça como muitos que batem em mesas de vidro ou na primeira coisa que virem pela frente e de qualquer material.


11. Não fale o nome de Deus em vão!

No Antigo Egito, depois que Amenóphes IV fundiu deuses para unir o Império, Há se chamava também de Atón, Krepi, Amón e tinha mais um quinto nome secreto que passaria os poderes do deus para quem o pronunciasse. Quando Moisés forjou os 10 mandamentos se lembrou desse: “_Não diga o nome secreto de Há!” e mudou para: “_Não diga o nome de Deus em vão!”.

12. Não fale o nome do Diabo!

Esse é um ser baseado em muitos seres, e com isso também tem vários nomes (Assim como Deus tem Dia, Dio, God, Alá, Yawehd, Yavé, Javé, Jeová e Théo ou Téus que significa aquele de cima) como Zarapelho, Capiroto, Diabo, Demônio, Cão, Satanás.

Demônio tem várias origens: dentre elas o nome de um povo oprimido, de onde vem o termo democracia (governo dos demônios) e Daymons também na Grécia Antiga era um dos nomes dados para as ninfas que inspiravam os poetas.

É inspirado em Hades, Loki, Seth, Tiamaat, Cornífero, nos sátiros e tantos outros seres, sendo deuses ou não e um deles é Thanátos, o deus da morte grego outra é Hell, a deusa celta da morte, logo, dizer o nome ou invocar um desses seres era semelhante a pedir a própria morte, a não ser que quisesse fazer um acordo para forjar a morte de outro.

13. O filme Sexta-feira 13 aumenta a superstição do número 13 ser de azar.

Não pare de ler nesse número ou terá 13 anos de azar! Bem, o número 7 (em egípcio sete significa Ejacular) é o número preferido de Cristo na Bíblia e o número 6 é atribuído a “Besta-Fera”.

14. Lugar mau assombrado.

Direto da religião grega. Se alguém morreu num lugar sem que ninguém soubesse não haveria quem pusesse moedas em seus olhos, logo, não poderia pagar ao barqueiro do Rio Queronte, então, a alma passaria a assombrar o local até que alguém encontrasse p corpo e pusesse duas moedas nos olhos.

15. Besta-fera.

Besta= fera; arma da idade média semelhante a um arco (ver o filme Van Helsing).

Mito baseado na religião egípcia. Rá (ou Há) manda a deusa com cabeça de gato Baklimet matar todos os homens. A deusa obedece ao pai, transformando-se em uma leoa gigante e começa a comer todas as pessoas do Egito, até que Rá se compadece e esconde os últimos sobrevivente do “mundo” (Egito) e põe a leoa feroz para dormir. O caso se deu por que alguns zombaram do deus, dizendo que ele estava velho e sem forças. Cuidado, se a leoa acordar, a carnificina continuará! Só pra constar, “besta-fera” é mais uma redundância do catolicismo.

16. Não. Essa mão é do gato!

Os mais velhos dão um tapa na mãe esquerda quando a estender para pedir a bênção. Mas, por quê? Por que é uma variante do preconceito de achar que todo mundo é destro, e, logo, o lado direito é bendito por natureza e o esquerdo é o lado mau. Mas, se é assim, o lado esquerdo que deveria ser abençoado! É uma ignorância dar a quem tem e negar a quem não tem.

17. Botijas amaldiçoadas.

Enterrar tesouro é um costume muito antigo, principalmente dos piratas. Mas a crença das maldições, de que se fosse buscar sozinho morria e outras vêm da crença antiga de tesouros amaldiçoados, e esta, por sua vez, vem de “O anel dos Nimbelungos” (Wagner), uma antiga lenda celta que deu origem à trilogia “O senhor dos anéis”. Procure por Siegfried ou Sigurd (Constantino transformou Siegfried em São Jorge de Anicie da Capadócia, criando a cruz vermelha.

18. Síndrome do Pato Donald e do Gastão.

Isso vem da crença absurda de que você é escolhido ou amaldiçoado por natureza. Alimentado pelo terrível mito da Reencarnação (de várias religiões; como a celta, grega, egípcia e cristã, etc.). Calvino defendeu a ideia de que se você obtém sucesso é um sinal de que você é um escolhido, para ele seria o único sinal. Mas, você pode tentar encontrar a moeda número 1 do Tio Patinhas. Quem sabe?

19. Não fique pensando besteira, que o pensamento atrai!

Isso é TERRORISMO puro pregado pelas religiões. Lhe falaram tantas vezes que você acabou acreditando a sua cabeça é um ímã que atrai coisas boas e ruins, assim você pense positivo ou negativo. Mas, nem você é o “Estrela Polar” do “Ben 10” e nem negativo atrai negativo. Reveja sua noção de física para ver que negativo atrai positivo, logo, se pensar coisas boas acontecerão coisas ruins e se pensar coisas ruins acontecerão coisas boas. Agora, leia Nietzsche para entender a relatividade do que você chama de bem e de mal.

20. Pecado.

Pecado= sujeira.

Mas, se viemos do barro de Adão (Adam; Adônis grego) como podemos nos limpar? Tomar banho é pecado por que você pode se masturbar ao ficar nu. Mas, se lembre de que veio do barro e, daí, não tome banho, por que barro com água se desmancha!

Se você leu este artigo até o fim você cometeu o pecado da HERESIA, que ao pé da letra significa “livre-pensamento”.

Aroldo Historiador
08/02/2012

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