terça-feira, 5 de novembro de 2019

49-SOBRE A ORIGEM DOS JÊS

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49-SOBRE A ORIGEM DOS JÊS

Ocorreu-me a ideia de que os Jês do Maciço de Baturité desceram para a Guerra dos Bárbaros antes dos Holanda e outras famílias povoarem o Maciço de Baturité por isso não se encontraram as tribos da região devido à dizimação sofrida pela guerra em questão.

Em 2013 um arqueólogo ao ir à Serra do Evaristo confirmou minhas suspeitas de ali ter sido antes uma tribo antes da Guerra dos Bárbaros e quando escravos fugiram dos portugueses fizeram de lá uma comunidade quilombola que não fora achada pelo difícil acesso.

Confirmou-se de ali ter sido uma tribo porque haviam urnas funerárias, um modo muito antigos de muitas tribos indígenas enterrarem seus corpos, dentre elas os Marajoara.

Dos Jês é que formaram tribos como Jenipapos, Paiacus, Canindés, Baturetês, e diversas outras que estão no meio dos chamados Tapiuas pelos Tupis, mas tapuia nunca foi uma tribo indígena e sim significa uma espécie de "Não-Tupi", estrangeiro, bárbaro ou inimigo.

Canindé também é um nome que outras tribos deram a esta pelo fato de amarrarem a cabeça para ficar chata, significando a palavra Canindé ao pé da letra "Cabeça Chata".

Mas, a história dos jês é mais antiga ainda e se espalha por todo o Brasil e além do Brasil na verdade. Agora chamados de Macro-Jês.


MACRO-JÊS:

"Acredita-se que os povos macro-jês detinham a hegemonia sobre a maior parte do atual território brasileiro, até que, por volta do ano 1000, os povos do tronco linguístico tupi, provenientes do sul da Amazônia, migraram para o leste, expulsando grande parte dos macro-jês que habitavam o litoral brasileiro e forçando-os a se alojarem no interior do Brasil, que possuía condições naturais menos propícias que o litoral. Na época da chegada dos colonizadores portugueses ao litoral brasileiro, ou seja, a partir do século XVI, as únicas exceções ao domínio tupi no litoral brasileiro eram os tremembés, nos atuais litorais do Maranhão, Piauí e Ceará; os aimorés, no sul da Baía e norte do Espírito Santo e os goitacazes, no norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo. Todos, pertencentes ao grupo linguístico macro-jê[2]. Na época da safra de caju, porém, os índios macro-jês do interior realizavam incursões ao litoral dominado pelos tupis para colher a fruta, ocasionando as chamadas "Guerras do Caju"[3].

Desta forma, quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, se depararam principalmente com tribos do grupo linguístico macro-tupi. Os colonizadores portugueses absorveram muito da cultura macro-tupi, inclusive a designação tupi para os povos do grupo macrojê: tapuia, que significa "inimigo", "escravo". Os macro-jês ofereceram grande resistência à colonização portuguesa do território brasileiro, sendo responsáveis pela morte de muitos colonos portugueses e pelo fracasso de muitas capitanias hereditárias, como a de Ilhéus, a de Porto Seguro, a do Espírito Santo e a de São Tomé[4]. No entanto, os índios não tardaram a sucumbir perante as forças militares europeias e as doenças trazidas pelos europeus, como a varíola e o sarampo, para o qual não apresentavam qualquer resistência natural. Os índios goitacazes, por exemplo, foram derrotados em 1631 e se dispersaram pelo interior dos atuais estados brasileiros de Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, passando a ser conhecidos como puris, coroados e coropós.

Assim como algumas tribos tupis se aliaram aos portugueses, alguma tribos jês se aliaram aos neerlandeses, quando estes invadiram o nordeste brasileiro no século XVII. Por exemplo, a nação tarairiu, que ocupava o interior dos atuais estados brasileiros da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará[5].

O avanço dos colonizadores portugueses sobre territórios habitados pelos índios do grupo macro-jê, visando à plantação de cana-de-açúcar, criação de gado e exploração de minas, causou reações violentas, como por exemplo a Confederação dos Cariris, que foi uma revolta generalizada das tribos de línguas macro-jês que habitavam o nordeste brasileiro contra os portugueses, no final do século XVII e início do século XVIII. Entre as tribos, estavam os paiacus, os caripus, os icós, os caratiús e os cariris. A revolta durou de 1688 a 1713 e terminou com a derrota e a quase extinção desses povos[6]. Data, dessa época (1699), a confecção de uma gramática da língua dos índios kipeá (também chamados kiriri e kariri) residentes na fronteira dos atuais estados brasileiros de Sergipe e Baía, pelo padre jesuíta italiano Luís Vincêncio Mamiani[7][8].

O avanço dos colonizadores europeus continuou ao longo dos séculos, diminuindo progressivamente a área dos índios de línguas macro-jês que, antes da chegada do homem branco, detinham o controle de praticamente todo o Brasil Central. Muitas tribos foram forçadas a fugir para o oeste e outras foram dizimadas sem deixar qualquer registro escrito sobre suas culturas e línguas.

Ao longo do século XIX, as regiões montanhosas do sul do Brasil, que eram território tradicional dos índios caingangues, passaram a ser alvo da expansão da fronteira agrícola. Guerras realizadas pelos governos provinciais da região forçaram o aldeamento dos índios e permitiram a fixação de agricultores na região. Entre eles, imigrantes italianos, alemães, poloneses, ucranianos, russos etc. O mesmo processo ocorreu na província argentina de Misiones. No oeste do estado brasileiro de São Paulo, tal processo ocorreu no início do século XX, com a abertura da estrada de ferro que ligaria a cidade de Bauru ao estado de Mato Grosso. Devido aos frequentes ataques dos caingangues locais aos trabalhadores envolvidos na construção da estrada, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio, em 1910, visando a cuidar da questão indígena no país[9]. Seu primeiro diretor foi o marechal Rondon.

No século XIX, o cientista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius percorreu grande parte do território brasileiro e propôs uma divisão dos índios brasileiros segundo um critério linguístico. Baseado nesse critério, ele criou o grupo gê, que englobava tribos que falavam línguas semelhantes e que costumavam autodenominar-se utilizando a partícula , que significava "pai", "chefe" ou "antepassado"'. Um nome alternativo, segundo o próprio Martius, seria cram, pois, nesse grupo, também era muito utilizada a partícula cran ("filho", "descendente") para a nomeação das tribos. Grande parte das antigas tribos tapuias estava englobada pelo grupo gê[10].

Com o advento do estilo romântico de literatura ao Brasil, no século XIX , o índio passou a ser um tema frequentemente utilizado pelos autores. No clássico romance de 1857 "O Guarani", de José de Alencar, o protagonista é um índio goitacá, Peri[11], que, em determinada ocasião, enfrenta uma tribo aimoré[12]. Embora, contraditoriamente, o autor também coloque Peri como índio guarani (uma etnia não falante de língua do tronco macro-jê), em outro trecho do livro[13]. No mesmo ano, o poeta brasileiro Gonçalves Dias lançou o poema épico "Os Timbiras". Apesar de os timbiras serem uma etnia indígena pertencente ao grupo linguístico macro-jê, o autor utilizou-se de tradições tupis para descrever os timbiras, devido a sua pouca familiaridade com os reais costumes timbiras[14]. Em 1874, Alencar lançou o romance "Ubirajara", que descreve uma grande batalha envolvendo duas tribos tupis contra uma tribo tapuia. O confronto reproduz a clássica rivalidade entre os índios do grupo linguístico macro-tupi e os do grupo macro-jê[15].

Ainda no século XIX, o povo aquém, que vivia na região do atual estado brasileiro de Tocantins, se dividiu em dois: uma parte ficou na região e passou a ser conhecido como povo xerente. A outra parte migrou para o oeste, para o atual estado brasileiro do Mato Grosso, passando a ser conhecido pela denominação de povo xavante[16].

Em 17 de julho de 1873, o Ministério de Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Império Brasileiro decretou o fim das aldeias indígenas no Brasil, sob o argumento de que não existiriam mais índios no país. Isso significou que as terras ocupadas pelos índios brasileiros passaram a ser consideradas legalmente sem dono e, portanto, passíveis de ocupação através de leilão público[17].

No final do século XIX e início do século XX, foi construída a Estrada de Ferro Vitória - Minas, desalojando os últimos índios aimorés que ainda habitavam a região. Os últimos remanescentes dos aimorés estão atualmente em reservas nos arredores do município de Resplendor, em Minas Gerais, sob a denominação de crenaque, que é o nome pelo qual eles mesmos se reconhecem.

No início do século XX, foram realizados os primeiros estudos científicos sobre a língua caingangue. No caso, por um frei capuchinho italiano encarregado da catequese indígena no norte do estado brasileiro do Paraná, Mansueto Barcatta de Val Floriana, que escreveu um dicionário e uma gramática da língua, em 1918 e 1920[18].

Dentro de um processo de reconhecimento científico e político do valor da cultura indígena, o governo brasileiro iniciou uma política de pesquisa da cultura indígena, pacificação de tribos indígenas hostis e criação de reservas indígenas onde os índios poderiam preservar sua cultura, como o Parque Indígena do Xingu, criado em 1961. Vários nomes se destacaram dentro desse processo, como os irmãos Villas-Bôas, o antropólogo Darcy Ribeiro e o marechal Rondon: este, um descendente de várias etnias indígenas, como a dos bororos, por exemplo.

Outro intelectual que se destacou dentro desse processo de estudo da cultura indígena brasileira foi o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss, que, durante a segunda metade da década de 1930, realizou várias expedições pelo interior do Brasil visando a estudar a cultura indígena. Entre as etnias por ele visitadas, estavam a dos caingangues e a dos bororos. Suas experiências ficaram registradas em seu famoso livro, "Tristes Trópicos", lançado em 1955.

Em 1937, foi criada a Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu, no sul do estado brasileiro da Baía, destinada a abrigar índios pataxós hã-hã-hães. Porém, logo em seguida, o governo brasileiro começou a conceder lotes dentro da terra indígena para agricultores, iniciando um conflito fundiário que perduraria por décadas.

Em 19 de abril de 1940, índios de todo o continente americano se reuniram na cidade mexicana de Pátzcuaro para debater a situação dos povos indígenas americanos. Desde então, a data passou a ser comemorada como o dia do índio[19].

Em meados do século XX, despontou no futebol mundial um descendente de índios fulniôs: Mané Garrincha[20]. Em 1953, a Associação Brasileira de Antropologia adotou a forma "jê" em substituição a "gê"[21].

Na década de 1960, os índios xavantes foram expulsos de suas terras no estado brasileiro do Mato Grosso e transferidos para uma reserva indígena. No lugar desocupado pelos xavantes, foi instalada a Fazenda Suiá-missu[22]. Nessa década, uma pesquisadora alemã do Summer Institute of Linguistics, Ursula Wiesemann, criou um alfabeto para a língua caingangue[23]. Em 1961, os irmãos Villas Bôas criaram o Parque do Xingu, uma grande área no estado brasileiro de Mato Grosso dedicado à preservação de várias etnias indígenas. Entre elas, os quínsedje e os tapaiunas, pertencentes ao tronco linguístico macro-jê[24][25].

Em 1967, devido a denúncias de irregularidades administrativas no Serviço de Proteção ao Índio, este foi substituído por um novo órgão: a Fundação Nacional do Índio.
Em 1971, a Empresa Brasileira de Aeronáutica começou a produzir um avião de treinamento para a Força Aérea Brasileira com o nome de Embraer EMB-326 Xavante. Através do nome, se reconhecia a importância da contribuição indígena para a construção da identidade brasileira.

No início da década de 1970, as obras de construção da estrada BR-163, que ligaria a cidade de Cuiabá, no estado brasileiro de Mato Grosso, até a cidade de Santarém, no estado brasileiro do Pará, atingiram o território tradicional dos índio panarás, na bacia do Rio Peixoto de Azevedo, no extremo norte do estado de Mato Grosso. Como resultado deste contato, muitas doenças se disseminaram entre os índios, gerando grande mortandade e levando a Força Aérea Brasileira a executar uma operação de resgate dos índios em 1975, transportando-os até uma nova morada: o Parque Nacional do Xingu, 250 quilômetros a oeste.
Na década de 1970, despontou o líder caiapó Tutu Pombo, no sul do estado brasileiro do Pará. Tutu inovou ao, invés de buscar o confronto contra o homem branco, como era a tradicional postura indígena, procurar lucrar através da permissão de exploração de madeira, ouro e pedras preciosas em suas terras. Como resultado, os índios de sua aldeia, chamada Cricretum, se tornaram os mais ricos do Brasil. Sua postura, porém, tornou-se polêmica, pois, ao mesmo tempo em que permitiu a autossuficiência econômica de sua aldeia, gerou grande destruição ambiental[26][27][28].

Em 1972, os índios xerentes conseguiram, pela primeira vez, demarcar parte de suas terras no estado do Tocantins[29].

Em 1974, os índios xavantes e bororós ameaçaram invadir cidades do estado brasileiro do Mato Grosso em protesto contra a invasão de suas terras. Os índios alegavam possuir títulos de posse dos seus terrenos datados de 1918 enquanto que os invasores alegavam possuir títulos de posse dos mesmos terrenos dados pelo governo em 1958[30].

Para evitar a confusão com a letra "g" do alfabeto, o termo "gê" foi substituído por "jê". Atualmente, considera-se "jê" o nome de uma família linguística, a qual pertencem as línguas apinajé, aquém, caiapó, caingangue, timbira, panará, suiá e xoclengue. O termo "macro-jê" designa o tronco linguístico que abrange, além da família jê, as famílias bororo, botocudo, camacã, carajá, cariri, guató, masacará, maxacali, maromomi, ofaié, puri, riquibatissa e tarairiu.

Em 1980, o xavante Mário Juruna representou os índios brasileiros no Quarto Tribunal Bertrand Russel, nos Países Baixos. Em 11 de agosto do mesmo ano, índios txucarramães (um ramo dos índios caiapós) liderados pelo cacique Raoni, mataram onze peões que estavam desmatando um terreno no parque do Xingu, próximo à aldeia Cretire[31]. Em 1982, Juruna foi eleito, pelo estado brasileiro do Rio de Janeiro, o primeiro deputado federal brasileiro de origem indígena. Juruna foi responsável pela criação da comissão permanente do índio no congresso nacional. Juruna também ficou famoso por gravar as promessas dos políticos e, depois, usar as gravações para cobrar as promessas feitas. O gravador de Juruna encontra-se, atualmente, exposto no Museu do Índio de Campo Grande, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul[32].

Em 1984, o líder caiapó Raoni Metuktire tornou-se famoso nacionalmente ao conseguir, do então ministro do interior Mário Andreazza, a demarcação das terras de seu povo no norte do estado de Mato Grosso, após os índios bloquearem por mais de um mês a estrada BR-080. Na ocasião, Raoni presenteou o ministro com uma borduna (porrete indígena) e puxou o lóbulo da orelha do ministro, dizendo: "Aceito ser seu amigo, mas você tem que ouvir o índio"[33]. Raoni pertencia a um ramo político caiapó que se opunha à postura comercial e predatória do líder Tutu Pombo, parente de Raoni, procurando, ao invés disso, proteger o meio ambiente e o estilo de vida tradicional dos caiapós[34][35].

Durante os trabalhos da assembleia nacional constituinte, que viria a elaborar e promulgar a constituição brasileira de 1988, um gesto do líder indígena Aílton Krenak ficou marcado como um dos símbolos da constituinte. Foi quando Krenak, ao discursar no plenário, pintou a face com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso no reconhecimento dos direitos dos índios[36].

A partir de 1989, o cacique caiapó Raoni Metuktire tornou-se famoso mundialmente, ao acompanhar o cantor inglês Sting em uma turnê para defesa dos índios e da floresta amazônica. Também em 1989, a índia caiapó Tuíra torna-se famosa mundialmente ao ameaçar com um facão José Antônio Muniz Lopes, o presidente da empresa Eletronorte, que na ocasião fazia uma exposição sobre os projetos da empresa para a construção de cinco usinas hidrelétricas no Rio Xingu, no Pará[37]. Em 1990, foi homologada a Terra Índígena Kiriri, no norte do estado brasileiro da Baía[38].

Em 1992, pouco antes da conferência da Organização das Nações Unidas sobre o meio ambiente que seria realizado na cidade do Rio de Janeiro, um escândalo abalou a reputação do líder caiapó Paulinho Paiacã, famoso mundialmente como defensor da floresta amazônica. Paulinho e sua esposa, Irecrã, foram acusados de violentar a estudante Sílvia Letícia, na cidade de Redenção, no estado brasileiro do Pará. Na mesma época, foi homologada pelo presidente brasileiro Fernando Collor a Terra Indígena Ianomâmi na fronteira com a Venezuela.

Em 1994, após Paulinho Paiacã cumprir dois anos, cinco meses e dezenove dias de prisão domiciliar preventiva, ele e sua mulher foram absolvidos da acusação de estupro: Paulinho, por falta de provas e Irecrã, por não ser considerada integrada à cultura brasileira e, portanto, não entender a gravidade de seu ato. Porém o ministério público recorreu da decisão[39].

Em 1996, foi homologada a Terra Indígena Panará, em seu território tradicional, no limite entre os estados brasileiros de Mato Grosso e Pará. Como resultado, os panarás deixaram o parque indígena do Xingu e retornaram a seu território tradicional.

Em 20 de abril de 1997, um fato chocou o país: o índio pataxó hã-hã-hãe Galdino Jesus dos Santos morreu vítima de queimaduras provocadas por jovens de Brasília, enquanto dormia em um ponto de ônibus. Galdino havia ido para Brasília junto com oito líderes de seu povo para reivindicar junto ao governo federal a retomada de terras de seu povo que haviam sido invadidas por fazendeiros, no sul da Bahia.[40]

Em 1998, Paulinho Paiacã e sua esposa Irecrã foram finalmente condenados a seis e quatro anos de prisão, respectivamente: Paulinho, em regime fechado e Irecrã, em regime semilivre. Porém ambos não foram presos e abandonaram sua residência na cidade de Redenção, passando a residir na aldeia caiapó A-ukre[41]. A Fundação Nacional do Índio estuda pedir a progressão do regime para Paulinho, por este já ter cumprido mais de dois terços de sua pena, o que lhe permitiria cumprir o resto da pena em sua aldeia[42].

No mesmo ano, foi lançado um dos primeiros livros populares escritos por um indígena brasileiro: "A Terra dos Mil Povos: História Indígena do Brasil Contada por um Índio", do caiapó txucarramãe Kaka Werá Jecupé. O livro é uma coleção de contos tradicionais caiapós[43].

Em 2002, morreu o ex-deputado federal Mário Juruna, de complicações renais causadas por diabete. Seu corpo foi velado no salão negro da câmara dos deputados e então transportado para sua aldeia natal, em Barra do Garças, Mato Grosso, para ser sepultado[44].

Em 2003, uma conquista inédita: pela primeira vez, um povo indígena brasileiro conseguiu na justiça o direito de ser indenizado pelos danos causados pelo estado brasileiro. No caso, os danos referentes à construção da estrada BR-163 e à transferência forçada dos panarás para o parque do Xingu, em 1975[45].

Em 2004, a índia umutina Creuza Umutina, da Aldeia Umutina, em Barra do Bugre, no estado brasileiro do Mato Grosso, tornou-se a primeira mulher a assumir o posto de líder de uma aldeia indígena brasileira. Tradicionalmente, tal cargo costuma ser ocupado por homens, entre os índios brasileiros. Creuza foi escolhida por eleição direta entre os membros da aldeia[46].

Em 2008, o engenheiro da empresa de energia Eletrobras, Paulo Fernando Rezende, foi agredido a socos e golpes de facão por índios caiapós, enquanto fazia uma exposição em Altamira, no Pará, sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, que ocasionaria a remoção de várias aldeias indígenas da região[47].

Em 2010, a justiça federal reconheceu o direito de os índios xavantes reocuparem a sua terra ancestral no estado brasileiro de Mato Grosso, a Terra Indígena Maraiwatsede, que estava ocupada por agricultores[48].

Em 2011, o líder caiapó Raoni recebeu o título de cidadão honorário da cidade de Paris, em reconhecimento por sua luta pela defesa da Floresta Amazônica[49]. Em 2012, estreou o filme brasileiro "Xingu", narrando a criação do Parque do Xingu, em 1961. Na sinopse do filme, participam os índios xavantes e os krem[50].

No mesmo ano, os índios pataxós hã hã hães do sul do estado brasileiro da Baía obtiveram uma importante vitória: o Supremo Tribunal Federal do Brasil decretou que os títulos de posse que haviam sido concedidos a agricultores dentro do território indígena Caramuru-Paraguaçu, em meados do século XX, pelo governo estadual, eram nulos. A vitória no tribunal somente foi possível devido à invasão dos índios das fazendas dentro do território indígena, o que pressionou as autoridades para apressar a solução jurídica do caso, que já se arrastava há décadas[51][52]."


"Jê é uma família linguística pertencente ao tronco Macro-Jê.

Os povos indígenas de língua jê encontravam-se sobretudo no interior do Brasil, uma vez que os tupi ocupavam praticamente todo o litoral.

Distinguem-se de vários outros povos das terras baixas da América do Sul por possuírem uma organização social bem definida com aldeias circulares divididas em metades.

Histórico


Desde o Descobrimento que as tribos e a fala tupi-guarani foram assimilados pelos europeus. Esses índios, espalhados por praticamente toda a costa brasileira, denominavam genericamente aos indígenas de fala de diversa com o vocábulo tapuia - que em sua língua significava algo como "inimigo". Os europeus, que manifestavam uma forte tendência à simplificação, entenderam que no país houvesse apenas duas grandes "nações" - tupis e tapuias. Os chamados tapuias, considerados pelos colonizadores portugueses como mais primitivos e de catequese e conquista difíceis, foram duramente combatidos e exterminados, sendo que muitos dos povos e tribos então existentes desapareceram de forma tão completa que nem sequer há registro direto de sua existência.

Mas no começo do século XX os antropólogos passaram a rejeitar a denominação "tapuia", adotando a denominação de "gês" para este outro grupo de famílias lingüísticas (tendo sido a grafia, com a reforma ortográfica, e para diferenciar-se do nome da letra G, grafada desde então: jê).
Mais tarde, entendeu-se que as línguas indígenas no Brasil dividiam-se em dois grandes troncos - Tupi e Macro-Jê - e mais 19 famílias lingüísticas, sem graus de semelhanças suficientes para que pudessem ser agrupadas em troncos, e também famílias de apenas uma língua, às vezes denominadas "línguas isoladas", sem semelhança com outra língua conhecida.
Da família linguística Jê, integrante do tronco Macro-Jê, fazem parte os seguintes dialetos:1
  • Akwén
  • Apinayé
  • Kaingang
  • Kayapó
  • Panará Suyá
  • Timbira
  • Xokleng"


Maciço de Baturité:

2.3 Formação Histórica do Território

O início do processo de colonização no Maciço de Baturité ocorreu somente a partir de 1680, dois séculos após o descobrimento do Brasil, quando a região foi alcançada pelo Rio Choró. No ano de 1702, foi concedida a primeira sesmaria na área do Município de Redenção (Acarape), na Serra do Acará, começando no Poço Paracupeba. Entretanto as terras do Maciço continuaram sem uma efetiva ocupação até a segunda década do século XVIII, quando em 1718, foi ocupada parte da região atualmente denominada Aracoiaba.

Várias sesmarias foram concedidas na Serra de Baturité datam entre os anos de 1718 a 1736. Em 1738 foi tomada a parte poente da serra, na região da atual Aratuba. Em 1740, os irmãos Arnáu, Sebastião e Cristóvão Holanda, junto com Manoel Ferreira da Silva, viúvo de Maria Trindade Holanda habitaram, temporariamente, a Serra. Os descendentes destes pioneiros são alguns dos responsáveis pela colonização de grande parte do Maciço de Baturité. Muitos de seus quintos e sextos netos, ainda têm propriedades em Aratuba, Baturité, Guaramiranga, Mulungu e Pacoti.

Em 1758 nasceu a missão Nossa Senhora de Palma, através do alvará que a transforma em freguesia em 1762. Em 1764 foi fundada a Vila Real, com território abrangendo toda a vertente ocidental da Serra de Baturité, exceto Ocara e Palmácia, cujos territórios pertenciam a Quixadá e Maranguape, respectivamente.
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O nome Baturité foi adotado em 1841, com a Lei Nº 226, quando foi criada a Comarca com sede na Vila de Baturité e jurisdição sobre todo o território de Canindé e Imperatriz, atual Itapipoca. Em agosto de 1858, a Vila de Baturité foi elevada à categoria de cidade. Baturité, de meados da década de 60 até os finais do século XIX, acompanhava o ritmo geral de desenvolvimento do Ceará, sem dúvida, impulsionado por dois fatos relevantes. Primeiro, o longo período praticamente sem secas, entre 1845 e 1877. Segundo, nos anos da Guerra da Secessão nos Estados Unidos, de 1861 a 1865, que aumentara fortemente o comércio do algodão com a Inglaterra, temporariamente privada do produto americano.

O Ceará revelava-se propício ao cultivo de algodão, que antes era utilizado apenas para artefatos indígenas ou para confecção de tecidos rústicos usados pelos escravos. Em pouco tempo, sua produção suplantou a das províncias vizinhas, atingindo alta cotação internacional. Em parte do Maciço e no Sertão de Canindé, a cotonicultura aliada à criação de gado foi largamente difundida e a região teve rápida expansão econômica. A antiga Montemor e atual Cidade de Baturité passaram a ser ponto de convergência regional.

Os primeiros sesmeiros que se estabeleceram na Região do Maciço, sendo originários de Pernambuco, introduziram na área a cultura da cana-de-açúcar e a partir de 1740, começaram a surgir às primeiras usinas de açúcar, que, segundo alguns historiadores, surgiram na área de Redenção.

Outro fator histórico de grande repercussão nacional foi a libertação antecipada dos escravos no Município de Redenção, antes denominado Acarape, que foi desmembrado de Baturité. O município foi criado em 1868, com sede no núcleo Acarape, elevado na ocasião à categoria de vila, com a instalação da Câmara Municipal ocorrendo em 1871, tendo sido o quadragésimo segundo Município a ser criado no Estado do Ceará.

Nesse mesmo dia foi assinada lei autorizando o Presidente da Província, Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo, a despender, anualmente, quinze mil réis com a libertação de escravos, preferencialmente mulheres. Em 1882, era fundada a Sociedade Redentora Acarapense e em 1883 foi feita comunicação ao Imperador, da abolição da escravatura no Município.

Acarape passou a se chamar Redenção em homenagem ao fato de ter sido a primeira vila brasileira a libertar totalmente os seus escravos negros, fato esse que aconteceu em 1889. O topônimo Acarape foi dado em 1926 ao antigo distrito de Cala-Boca.
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A partir da segunda década do século XIX, vários fatores passam a favorecer a ocupação progressiva da Serra de Baturité. Essa década foi marcada por intensa divergência política e ideológica acentuada em violentas batalhas entre brasileiros e portugueses, entre monarquistas e republicanos. Além disso, havia uma incidência de peste.

Em 1817, aconteceu a revolta republicana apoiada pelos Alencar; em 1822, a Independência; em 1823, a dissolução da Assembléia Constituinte e em 1824 a Confederação do Equador, além da seca e epidemia de varíola.

É nesse contexto que surgem as primeiras experiências de plantio de café no Estado. De acordo com Senador Pompeu, as primeiras sementes do café chegaram ao Ceará através da Serra do Araripe em 1822, e dali se mandaram algumas para o Capitão Antônio Pereira de Queiroz Sobrinho, que as plantou no Sítio Munguaípe, na Serra de Baturité. Logo depois, em 1824, Felipe Castelo Branco, também realiza experiência com o plantio de café no Sítio Bagaço, posteriormente denominado Correntes, no atual Município de Guaramiranga.

A partir dos sítios de café consolidaram-se as povoações que deram lugar ao conjunto das atuais cidades da Região. Dessa forma começa também o processo de agressão ambiental, onde a floresta tropical passa a ser desmatada de forma predatória, tanto para possibilitar a agricultura, bem como a manipulação da madeira para geração de energia e sua utilização em atividades construtivas.

Desta feita a Região do Maciço de Baturité teve sua configuração iniciada, portanto, a partir do século XVII, e tal como hoje é percebida, inclui 13 cidades, várias vilas e distritos, formando uma verdadeira rede urbana, distribuída pelos municípios de Baturité, Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção.

2.3.1 Comunidades Remanescentes de Quilombolas

No Território do Maciço identificou-se a presença de uma comunidade remanescente quilombolas chamada Comunidade Serra do Evaristo, localidade da Serra do Evaristo no município de Baturité, esta realiza anualmente no centro de Baturité uma atividade folclórica identificada por Dança de São Gonçalo.

Comunidades Indígenas:                                                                                                          
De acordo com informações primárias há existência de uma comunidade indígena no município de Aratuba, cujo nome é Comunidade Indígena dos Fernandes (índios kanindé).
                                            
Fonte: Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – Resumo
Executivo. / MDA / SDT/ CONSAD. Fortaleza: Instituto Agropolos do Ceará,
2010.

Sobre a Guerra dos Bárbaros:

"A Guerra dos Bárbaros foram os conflitos, rebeliões e confrontos envolvendo os colonizadores portugueses e várias etnias indígenas tapuias que aconteceram nas capitanias do Nordeste do Brasil, a partir de 1688.1 2

Com a expulsão dos holandeses do território brasileiro em 16543 , os portugueses puderam retomar o avanço em direção ao interior nordestino, expandindo as fazendas de gado. Porém a resistência dos índios tapuias, que tinham sido aliados dos holandeses, foi um elemento-surpresa para os lusos.

Os portugueses fortificaram o efetivo militar, inclusive com a vinda de bandeirantes paulistas como Domingos Jorge Velho. Já as etnias indígenas tapuias do interior nordestino, como os janduís, paiacus, caripus, icós, caratiús e cariris, uniram-se em aliança e confrontaram os portugueses. A aliança das tribos tapuias, denominada pelos portugueses como Confederação dos Cariris ou Confederação dos Bárbaros, foi derrotada somente em 1713.2 O resultado desse período foi a extinção de várias etnias indígenas tapuias4 5 6 e a ocupação portuguesa no interior nordestino."

Aroldo Historiador

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