segunda-feira, 4 de novembro de 2019

23-JORNALISMO DIGITAL E DEMONIZAÇÃO DA INTERNET



Desta vez não tenho como concordar plenamente com a opinião expressa no Observatório da Imprensa sobre o mau uso das mídias digitais para com o jornalismo, embora exista, mas é fato que toda mídia terá algum tipo de manipulação por trás, mesmo a digital. 

A internet desde seu começo vem sendo demonizada, assim como a televisão o é ainda hoje, e assim como os livros e a própria escrita também já foi, às vezes até determinados livros queimados na Inquisição e muitos ainda são demonizados ainda hoje. 

Demonizar não é a solução, terão que se adaptar à novas realidades, mas o jornalismo em si nunca morrerá. Enquanto a ABRAJI-Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo- dá cursos na internet para blogueiros e os reconhece como jornalistas independentes, os demais jornalistas, principalmente os diplomados, temem a internet.

Vamos lembrar que tem informação que só veicula na internet porque vários canais têm medo de dar as certas informações, quando não somente receio ou mesmo para manipular a população. A irresponsabilidade não está somente nos meios digitais, mas também a mídia oficial por muitas vezes é bastante irresponsável e também comete erros crassos, por querer e sem querer também.

Por exemplo a Rede Globo, que apoiou a ditadura no Brasil, denunciado no mesmo programa Observatório da Imprensa, pode ser uma rede confiável? A Rede Record, que é do Edir Macedo, que já disse em vídeo gravado odiar religião e cria um templo para arrebanhar mais fiéis além de estar metido em outros escândalos, pode ser confiável? A própria TV Cultura que demitiu o historiador Heródoto Barbeiro por fazer certas perguntar ao candidato José Serra é confiável?

A verdade é que toda notícia jornalística deve ser fundamentada, porém, sites como o Twitter por exemplo vez por outra dão furos de reportagens que mais tarde vão para a própria T.V. assim como os blogs e sites também servem aos próprios jornalistas e grandes jornais como meio ensaio para criar a impressão do dia seguinte.

Inclusive entrevistei um dos jornalistas investigativos mais ativos no Brasil, impresso no Jornal Delfos nº10 e publicado também em blogs, que quase foi assassinado por bater de frente com prefeitos e ex-prefeitos, derrubou 6, através da criação de um jornal comunitário. 

O jornalista investigativo Fábio Oliva, que hoje faz parte da ABRAJI e ganhou um prêmio por bravura me explicou porque devemos dar chance também a jornalistas independentes e que não é o simples diploma que faz um jornalista, apesar de importante para aprimoramento.

O fato é que a internet está aí e os jornais vão não morrer mais se reinventar. Sites e blogs não são inimigos dos jornais, mas um aparelho paralelo a que pode ser usado para difusão e aprimoramento do jornalismo. A internet não é a grande antagonista, muito pelo contrário, ela faz com que os cidadãos tenham acesso também a voz, aumentando a interação, coisa que as outras mídias fazem muito pouco.

O caminho não é demonizar, mas aprender a usar os novos meios digitais a favor da informação, do jornalismo virtual e investigativo. 

Aqui reproduzo a pergunta número 4 da entrevista que fiz com ele:

_ Houve no Brasil há algum tempo uma ação de proibição aos jornalistas sem diploma de atuam na área. Até um projeto de lei nesse âmbito foi para a última instância de votação no Supremo Tribunal Federal, que, no fim, foi anulada por ser julgada inconstitucional.

Saiu no programa "Observatório da Imprensa" da "TVE-Brasil" que nos Estados Unidos existem curso de mestrado em 2 anos para jornalistas não formados na área. Já no Brasil, não existe isso, contudo, existem cursos on-line de capacitação.

Gostaríamos de saber o que você pensa a respeito. Você acha que deveria existir esse curso de mestrado para jornalistas não formados no Brasil?

A respota de Fábio Oliva :_Não duvido que a academia possa ser extremamente útil ao aperfeiçoamento de quem tem vocação e escolheu o jornalismo para profissão. Mas jamais fará de alguém que não tem vocação, que não tem o jornalismo no sangue e a determinação de sê-lo nas ventas, um bom jornalista.

Sou favorável a duas coisas: 1) que seja preservado o direito de quem já exerce a profissão há muitos anos de continuar a exercê-la, independentemente de diploma; e 2) que sejam criados mecanismos capazes de possibilitar a graduação de quem já exerce a profissão sem diploma e deseje se graduar.

Uma legislação que não preveja estas duas possibilidades consistiria em uma novatio legis in pejus. Ou seja, numa nova lei que traria prejuízos se aplicada a fatos anteriores. Tal coisa é abominável.

Há por esse país inteiro milhares de jornalistas não formados que exercem com dignidade e profissionalismo o ofício, sustentam suas famílias e desempenham papel de excepcional importância para a sociedade.

Como também há jornalistas bandidos. Isso ocorre em todas as profissões. Também há juízes bandidos, advogados bandidos, médicos bandidos e por ai vai. O diploma de jornalismo não elimina o jornalista bandido.

Há muitos jornalistas com "canudo" que são verdadeiros bandidos. Mas não há que se generalizar, nem em relação aos formados, nem aos não-formados.


Aroldo Historiador
24/04/2015

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