101-ANDRÉ
Sou André, 28 anos, fiz ensino médio. Desisti da primeira faculdade. Minha sofreu uma drástica alteração no dia em que conheci Marcos, um sujeito metido a boêmio. Tínhamos 18 na época.
_Ei, vamos ali jogar sinuca?_No caminho me oferecia cigarro e bebida, sempre recusei, até que certo dia resolvi aceitar.
_Que gosto horrível!_Reclamei, contudo fui me acostumando aos poucos.
_Vamos sair no sábado que vem atrás de uma festa?
_Claro._Concordei sem pestanejar._Você vem me buscar?_Fez que sim.
Nas festas, várias vezes Marcos e sua turma arranjavam encrenca, fomos postos para fora incontáveis vezes. Comecei a achar aquilo tudo engraçado, e sem perceber, eu virei um boêmio de sua turma. O sujeito sempre estava rodeado de pessoas e por isso eu o invejava.
Nem lembro direito do primeiro porre, foram tantos que nem sei mais ao certo quantos foram. Chegamos na faculdade juntos e juntos desistimos aos vinte. Nada nos importava mais do que a farra.
_Olha aqui._Ele me mostrou um dia uma cédula falsa._Perfeita, não?
_Como assim, é falsa?_Indaguei sem jeito, entretanto, me contagiei._Como fez isso?
_Na minha casa tem uma máquina de xérox_Disse a marca e detalhou para mim todo o processo._se você me emprestar uma nota de cinquenta a terá multiplicada.
_Feito._Tirei o dinheiro e pus em suas mãos.
Marcos fabricava todos os tipos de notas e dividia entre seus amigos mais chegados, inclusive eu. Aplicávamos o golpe em bares, postos de gasolina e casas de show. Fomos desmascarados numa festa, uma noite dessas.
_Você está preso, por receptação de notas falsas._Fui para a cadeia, juntamente com Marcos, mas um de seus amigos pagou a fiança pouco tempo depois.
_Preciso entregar esses pacotes para um colega seu, chame-o para mim._Desconfiei que fosse tráfico de drogas e acertei, fomos pegos outra vez e encarcerados por guardas à paisana que trabalhavam disfarçados em diversas duplas divididas por quarteirão.
_ O que pretende levando essa vida, meu filho? Afaste-se desse Marcos._Disse-me meu pai depois duma longa conversa. Fui internado numa clínica para conseguir me recuperar da dependência química.
Voltei à universidade. Nunca mais coloquei uma gota de álcool na boca. Quanto a Marcos, nunca mais o vi, seus amigos me contaram que está preso novamente. Não quero mais conversa com essa gente.
Dez anos me foram roubados pelos narcóticos e a irresponsabilidade de meus atos perante às leis que regem a sociedade. Agora serei bem mais racional e menos impulsivo. Mas, manter o autocontrole não é fácil. É lutar comigo mesmo a cada dia para ser um homem melhor.
Aroldo Historiador
2004
Redação escolar.
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