26-PANORAMIX: A SOCIEDADE DO OURO
A História serve ao poder como um garçom a um bom cliente, lhe dá a melhor taça, vinho e espumante da adega, ouvindo as frases tortas emanadas da loucura dessa bêbada infame, permitindo-lhe até mesmo uma alcova de luxo só apresentada aos de mais elevada categoria, proporcionando-lhe requintes particulares, como: ocultar todos os seus podres, mentir para os seus adversários e permitir que ele coma 99% do bolo que deveria saciar a fome de todos os hóspedes e fregueses.
Ela não deveria agir assim, entretanto, não se entra e permanece pelos méritos nas páginas de livros didáticos, pois, se assim fosse, só contaríamos a vida daqueles que proliferam aquilo que entendemos por bondade, um adjetivo muito amplo que troca de forma de acordo com a interpretação coletiva dos que detém o domínio supremo.
Está cada vez mais claro que não há os bonzinhos e os maus em se tratando de povos e sim aqueles que contam, os que escutam e transmitem, acreditando talvez no que é proliferado, o sujeito de quem se fala e os que têm consciência para não acreditar piamente em versões isoladas, mas em possibilidades que descartam crenças, adotando estatísticas de realidade pegando por base o empirismo racional acadêmico.
A História tem muitos cabrestos por que quem a conta está arraigado em cultura manipuladora. Todos nós sofremos lavagem cerebral ao longo da vida uma vez que é necessário para o próprio aprendizado.
Não me entendam mal, caros leitores, não disse que é uma coisa boa, pois sabemos que o significado de bondade é impreciso, e além disso, como dizer qual cultura é a melhor ou se o mais racional é permanecer sem cultura?
A cultura é importante para estabelecer as relações de poder. As culturas dominantes apagam as menores, as maquiam, tornando-as menos atraentes, inventando-lhes padrões falsos de perspectivas mentirosas que se arraigam em nossa mente como fato.
Somos induzidos a pensar tudo o que se passa em nosso cérebro por fatores dominantes, a própria natureza se encarrega de manter o forte vivo. No caso específico da humanidade, a força maior se chama sapiência.
Contudo, não é admissível pensar em uma cultura como superior ou inferior a outras, nenhum homem detém tal genialidade como sempre se afirmou, a genialidade é só um dos tantos aspectos de lavagem cerebral que sofremos.
O ruim é que não há aprendizado sem lavagem cerebral. Entenda-me, não digo método de tortura, contudo, é torturante destruir, por exemplo, todos os seus ídolos e a sua própria noção de identidade, convença-me do contrário que mudarei os meus versos e todas as minhas aspirações.
Hoje travaremos uma luta com os celtas em detrimento do Império Romano, ou a charmosa Itália se preferirem.
Comecemos com um aspecto que é muito conhecido de tais povos, eles eram briguentos, ferozes, verdadeiras bestas para César, ou assim parecia de acordo com o que Júlio contaria. Outro aspecto é que eram loucos por vinho. Será que eram alcoólatras, quem sabe? Eu penso que há uma possibilidade, apesar de não produzires o próprio vinho.
Então, como conseguiam beber tanto se não produziam, eles se vendiam a Roma em batalhas alheias como guerreiros mercenários, ou será que roubavam? Mas roubar de quem, se eram o maior povo da Europa? Não, eles compravam com moeda de ouro, prata e cobre.
Moedas em mãos celtas, mas como se eles eram pobres? Mas as moedas deles não tinham a figura de nenhum kaiser, como é possível, eles cunhavam? E de onde tiravam os metais? E havia ferreiros entre eles? Os bárbaros detinham conhecimento para tanto?
Pelo menos os bárbaros celtas possuíam, ferreiros, metalúrgicos, mineradores e comerciantes, segundo a série “OS BÁRBAROS” apresentada na T.V. Escola no ano de 2009, em janeiro. Os historiadores nessa série afirmam que os gauleses foram invadidos pelos romanos por que Júlio César estava a fim de tomar ouro, e tomou tanto que o metal caiu 3 vezes de preço.
Alegando proteger a Gália de Vercingetórix dos Elfécios (Helvetii: tribo formada em suma por crianças, idosos e mulheres que também era celta e queria chegar a Gália para entrar na sociedade que os celtas tinham e foram massacrados sem razão pelas tropas de Caio Júlio César), Roma os tritura e depois escraviza um milhão (1000.000) e mata outro (1.000.000) dos dez milhões (10.000.000) de gauleses (povo celta precursor dos franceses, último povo a ser dominado na Europa com Vercingetórix, uma batalha que inspira Goscinny e Uderzo a criarem Asterix. Segundo Pedro Bandeira, autor brasileiro de livros infantis e juvenis, o ultimo povo a entrar no domínio romano teria sido o lusitano, comandado por Viriato, no séc. 2a.C., em 139 Quintus Servilius Scipião envia um emissário para um acordo de paz e compra os homens de confiança de Viriato, os traidores: Audas, Ditalco e Minouro. Os três dão um jeito de assassinar Viriato o chefe lusitano, onde hoje se encontra Portugal. Encontre isso na revista “AVENTURAS NA HISTÓRIA” da editora Abril, na 1a edição de fevereiro de 2007. Em edição especial sobre ROMA.) E além de prender O líder Vercingetórix, o mata em praça pública enforcado.
O avanço tecnológico não deriva da genialidade humana, pois gênios não existem e sim pessoas muito inteligentes e nesse âmbito se encontram os celtas; que possuíam um calendário complicado, que não, sendo entendido em sua plenitude ainda pelos cientistas, acredita-se propor os locais onde estariam o sol, separando assim as estações do ano e sendo mais preciso que os computadores de hoje em dia, servindo tanto para o passado como para o presente e até mesmo para o futuro, formando um calendário anual lunar .
As primeiras estradas foram construídas para transporte com rodas pelos celtas e assim como as moedas são pré-romanas, existiam pelo menos doze (12) cidades maiores de aproximadamente cinco quilômetros (5km), existiam centenas delas.
As mulheres eram tratadas melhor que em Roma, podiam inclusive subir de classe por méritos próprios, uma delas foi enterrada dentro de uma jarra de vinho gigante que teria sido transportada pelos Alpes até a Gália, é a maior já encontrada pelos arqueólogos, sendo enterrada com carroça e tudo. O que demonstra um enorme esbanjamento de poder. Na Irlanda, as mulheres poderiam divorciar-se se o marido fosse brocha, infértil ou batesse nela, levando de volta tudo o que tinha antes do casamento.
A instrução escrita dos celtas se inicia com Vercingetórix, mas só produziram livros após a morte da mulher da jarra de vinho de prata gigante, antes eles só contavam suas histórias pelo método da oratória (história oral).
Foram os celtas que introduziram metais na Europa, cerca de 700 toneladas só de ouro, em cerca de 400 sítios, mais de 250 sítios de exploração só na Gálea; o que desperta o interesse Império dos kaiseres ou czares ou césares (kaiser: um deus sol asiático chamado kaiser que dá origem ao czar, César ou Kaiser;ou seja, pessoas se apossavam desse título para se dizerem deuses, o próprio deus-sol. Talvez existissem deuses e emissários em todos os povos, quem sabe? No caso do celtas existiam muitos como Belenos, Tutátis e Palas, [Palas vira na Itália a deusa Palas-Atena, ou a mesma Atenas, Atenai {deusa do Egito, filha do deus-sol Amon, Rá, Krepi ou Aton}] Atenea, Minerva ou Eureka ) para saldar as imensas dívidas de Roma, daí a Gálea ser invadida.
Nessa sociedade de ricos comerciantes e guerreiros ferozes fabricavam-se e vendia armas e jóias vendidas na África e em Roma. A sociedade celta era maior que a romana. Existiam taxas por danos a outros e, enquanto Roma jogava suas crianças indesejáveis no lixo, elas eram cuidadas por um parente na sociedade celta e se não fosse parente tal pessoa se tornava herdeira da família por cuidar da criança. Os religiosos ou melhor, druidas, cuidavam da instrução das crianças, nas estórias de Asterix, o gaulês, os bardos cuidavam também dessa parte, principalmente no quesito arte, como o personagem Chatotorix.
Suas estradas não tinham grandes rodovias que convergissem a um centro, pois não existia tal centro, nenhum líder mandaria muito mais que o outro, a igualdade predominava nessa sociedade, talvez seja o que mais se aproxime de comunismo, além das sociedades ditas indígenas.
Por que então, Roma seria onde habitaria os não-bárbaros, os não-bruxos, os não-piratas, os não-maus, etc? Simplesmente por que parte da História é contada pelas anotações de Caio Júlio César, e talvez por isso ele seja o mais importante dos imperadores, ele era escritor.
Se você quer um lugarzinho na História faça com que alguém conte suas aventuras e desventuras, mas se você deseja ser figura permanente, escreva e escreva bem!
Aroldo Historiador
Pacoti-Ceará, 18/01/2009
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